Um novo olhar sobre as drogas: Educador e articulador juvenil, escreve texto que fortalece o papel das intervenções urbanas juvenis no enfrentamento das drogas
Juventude, drogas e intervenções urbanas
É importante destacar que quando falamos em juventude estamos falando de uma categoria socialmente construída, que no Brasil tem como parâmetros legais pessoas entre 15 e 29 anos de idade. É importante ressaltar ainda que, existem diversas juventudes que possuem demandas diferenciadas e que exigem olhares específicos de entendimento.
Estas múltiplas juventudes circulam no cenário urbano buscando ocupar espaços e territórios e se utilizando de linguagens criadas para se autoafirmar. É neste cenário que as drogas acabam entrando como mais um componente deste convívio cotidiano do jovem. A droga traz consigo um conjunto de atributos agregados que articulados a uma cultura consumista da sociedade acabam empurrando milhares de jovens para caminhos muitas vezes obscuros e sem perspectivas.
Em torno das drogas estão agregados elementos de status, poder, virilidade, pertencimento a um determinado grupo social, possibilidade de aquisição financeira e um atributo muito importante para os jovens que é a garantia de visibilidade social. No grupo de usuários de drogas este jovem, que é invisível no cenário urbano e sem perspectiva de futuro, têm nome, endereço, reconhecimento grupal e dinheiro no bolso, elementos que entram no imaginário de consumo do povo brasileiro.
Estes fatos se materializam nas músicas que circulam nestes grupos, nas roupas de marca que usam, na facilidade de arrumar parceiros/as, entre outras possibilidades de consumo e sociabilidade. Para entrar nesse circuito e atravessar essa cortina juvenil, acreditamos que uma ferramenta estratégica são as intervenções urbanas que buscam um diálogo que traz no seu bojo um conjunto de linguagens e identidades próprias dessa categoria social.
A sociabilidade pelo skate, break, graffiti, rap, parkourt, Funk da Paz, surf, rádios livres, fanzines, basquete de rua, entre outras intervenções juvenis, são instrumentos significativos que carregam na sua estrutura valores agregados que possibilitam aos jovens se perceberem como protagonistas de uma história.
Nesse sentido, junto com essas intervenções urbanas, acreditamos que as políticas que perpassam o mundo do trabalho, a geração de renda, a educação e as novas tecnologias são movimentos interessantes para criar circuitos alternativos para esses jovens vencerem/reduzirem a caminhada pelas drogas.
–