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Metamorfose Ambulante

Metamorfose Ambulante

Essa semana o escritório da empresa em que trabalho está de mudança, vamos para um novo endereço, a boa notícia é que o ponto final da Van é praticamente em frente à porta de saída do prédio

. Ok, não sei se isso é tão bom assim, mas a vantagem é que terei a certeza de boas(ou não) histórias.

 

Segunda fui a uma reunião na nova sala, estava com um estiramento num músculo das costas que me rendeu o apelido de Optimus Prime, mas sem as qualidades da palavra "Optimus" e nem a categoria da palavra Prime.

 

Fim da reunião, sigo mancando, andando mais torto que o homenzinho torto e me apoiando no meu guarda chuva xadrez usado como bengala, me dirijo ao ponto da van que me aguarda com sua porta aberta. Vazia, faço um esforço sobre humano para subir, e me arremesso ao canto da segunda fileira, na compania do meu colega de trabalho Ricardo.

 

Saindo a Van, essa tinha o plus de 2 cobradores, sabe aqueles sujeitos metidos a bandido? Cheio de gírias de favela, forçando errar o português e a palavra bagulho era obrigatória em cada frase, assim como o famigerado "Tá ligado". Desses que eu gosto, porque poupa meu trabalho de revisão no texto.

A van foi lotando, lotando e a cada buraco eu inventava um palavrão novo.

 

Os cobradores indagavam sobe a possibilidade da van conseguir chegar em Bangu com o combustível que dispunha.

- Malandrão 01 : - Ihh mané, esse bagulho tá doido hein? Hãããnnn...
- Malandráo 02: - Dá sim, o bagulho tá cheinho, tá ligado?

- Malandrão 01 : - Será que "nóiz"chega no bagulho?
- Malandráo 02: - Claro, hããããnnn, tá ligado que o bagulho é como? Hããããnnn, na moralzinha...


Ok, esse diálogo serviria pra qualquer tipo de assunto, e, qualquer lugar do mundo, mas queria dizer o seguinte, o primeiro não sabia se o diesel era o bastante pra chegar a Bangu, e o segundo se mostrava seguro, pois já tinha passado por tal experiência. Só Isso.

Então a Van para num posto. Lotada.

 

E o cobrador já grita:

- Coé Frente!!!! Fortalece o bagulho do Diesel pa nóiz!
- Coéééééé, Vai atender nóiz naum FDP! O bagulho vai ficar doido hein! Hãããnnn...

o frentista eu não sei se tava ocupado ou com medo, só sei que ele não veio.

 

a viagem seguia, e os caras falavam mais que tudo, o primeiro todo envergado em cima de uma passageira sentada na primeira fila, quando escapa um pinguinho maroto que cruza o banco e pousa no ombro da menina.

Educadamente o cobrador pergunta olhando no olho da moça constrangida.

 

- Te cuspi colega? Te cuspi? Desculpa ae, tranquilo?

 

Olha, nem se ele tivesse lambido a cara da moça, ela ia responder que sim. Aposto.

E com a mão direita ele esfrega o ombro da moça meio que limpando/espalhando a secreção mucosa num gesto no mínimo bizarro.

O segundo sentava no corredor, no chão, junto aos pés de uma passageira que vinha calada e suando.
Numa fração de segundos ele se levanta, saltando pra frente, enquanto essa passageira, chama o Sr. Raul, com direito a todas as letras. Uma gritaria toma conta do coletivo. VOMITANDOOOOOOO!!!! A MULHER VOMITOOOUUUUU!!!! AHHHHHHHHH!!!!

Eu, não conseguia me mover rapidamente, então, só levantei os pés, certo de que a lava vulcano-gastro-intestinal não chegaria a mim.

E a gritaria continuava: PÁÁÁÁ'RA A VAN!!! PÁÁÁRAAA PORRAAAA!!! ENCOSTAAAA!!!!

Então o motorista encosta o carro num posto e abre a porta, umas 6 pessoas espremidas no canto observam a mulher se retirar do carro enquanto o cobrador01 corre pra pegar um balde de água e aparece também com um rodo.
O outro acalma os passageiros...

 

O cara lavou o chão da van com todo muundo dentro! Vigilância sanitária qualquer dia tamo aeeeee (8)...

A viagem prosseguiu com um perfume de salsichão do ponto do BarraShopping, esse eu conheço.

 

Um cobrador pergunta a moça.
"- Qué ipo UPA?""
"-Pa onde?"
"-Po UPA!"
"-não brigado."

 

Quase que eu me prontifiquei a ir...ai minhas costas.

Minutos depois uma senhora atrás de mim avisa:


- Esse cheiro tá me embrulhando o estômago, quero vomitar também!!!

A inveja é uma merda né?

 

Pensei em rapidamente proteger meu pescoço, ali amostra como um alvo para a "gorfada" em movimento.
E também torcia para nenhum movimento brusco do motorista...

 

Mais um round de gritaria, afinal, ninguém aguentaria duas sessões de descarrego alimentar dentro daquele caixote de metal em ambulante.

 

A van parou, as duas desceram pra vomitar juntas e felizes, e seguimos viagem tranquilos e salvos.

Nesse caso eu peço permissão de contrariar o poeta e dizer que não é "chato chegar A um objetivo num instante"...

 

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