De maneira completamente autônoma, lideranças do movimento Hip Hop se organizaram para elaborar um manifesto a favor da democracia e contra a candidatura do candidato Jair Bolsonaro (PSL).

Assinam esse manifesto: 3030, Aori, Baco Exu do Blues , Batoré (Cone Crew), Bivolt , BK, BNegão ,Coruja BC1, Criolo, Dexter, Diomedes, Dj Vivian Marques, Djonga, Don L, Drik Barbosa (Rimas & Melodias), Emicida, Fillipe Ret, Flávio Renegado, Gali (Primeiramente), Gog, Guigo (Quebrada Queer), Kamau ,Karol de Souza (Rimas e Melodias), Lunna Rabetti, Marcelo D2, Mano Brown, Ogi, Preta Rara, Rael, Rappin Hood, Rashid, Rico Dalasam, Rincon Sapiência, Rubia (RPW), Spinardi (Haikaiss), Sharylaine, Síntes, Tassia Reis e Thaíde.

Jair Bolsonaro representa uma ameaça aos nossos valores. Em quatro anos, é possível retroceder 500. Não podemos eleger o candidato que quer voltar no tempo. Se ele quiser, que viaje pro passado sozinho. A máquina do tempo do Hip Hop sempre olha para frente. Por isso, não anule seu voto, vote certo e converse com as pessoas. Explique o que está em jogo e muita gente vai entender. Ainda há tempo!

 

Mamadores da Lei Rouanet? Não é bem assim!
Talvez você tenha ouvido em correntes pela internet que os artistas que batem de frente com o candidato apoiador da tortura, Jair Bolsonaro, do PSL, “mamam” nas tetas do Estado por meio de incentivos como a Lei Rouanet. Mas não é bem por aí. Há quem olhe o rap hoje e ache que tudo sempre foi muito fácil, que os maiores palcos do país e as casas mais renomadas sempre estiveram abertas para o gênero musical. Não se engane, o rap nasceu na estação São Bento do metrô, em São Paulo, marginalizado e com a polícia impedindo a tal “aglomeração”. Aos poucos ganhou espaço, mostrou sua relevância, alcançou palcos pequenos, rádios comunitárias e por meio do esforço e talento de muitos, hoje é um estilo musical consolidado no Brasil e simplesmente o mais ouvido no planeta.

O rap é alvo de críticas porque vai além da música, é e sempre será muito mais do que um som. É o grito do excluído, do oprimido, do marginal, do preto, do pobre, do contestador, do sonhador, de quem batalha todo dia e não perde a alegria de viver. O rap é festa, tem ritmo, ginga, mas também tem ideia, tem filosofia e questionamento. É feito em grupo, mas não cai em grupo não. Quem tá envolvido com o rap não deixa comédia falar besteira e sair sem ser questionado, dizendo que foi só um mal-entendido, uma brincadeira e tudo bem. Tem que agir pelo certo, tem que saber o peso da sua fala, o peso da sua atitude.

Como diria o saudoso Sabotage, o rap é compromisso. E apesar de ter suas individualidades, não é individualista, e sim uma ideia coletiva, de luta por espaços para propagar suas ideias e mostrar seus frutos no palco. Chegam a ser absurdos os argumentos que falam que artistas estão “vivendo da Lei Rouanet”. Àqueles que não conhecem, essa é a Lei Federal de Incentivo à Cultura, que tem beneficiado “artistas de renome e grandes e rentáveis atrações culturais, como musicais de origem estrangeira”, segundo matéria da Carta Capital (publicada em 04/09/2018).

Você sabia que entre os maiores beneficiados estão a T4F Entretenimento S.A. e a (16,4 milhões) e a Fundação Roberto Marinho (10,9 milhões)? Por isso, não se deixe enganar com falsas acusações, que têm encontrado um terreno fértil na internet, particularmente aplicativos de mensagem como o Whatsapp.

Apesar do crescimento de agências e serviços de checagem de informação, vivemos um momento em que as notícias falsas ganharam mais relevância do que fatos reais. A situação é tão complicada que o Ministério Público “está investigando se há nessas eleições um esquema profissional utilizado pelas campanhas para a propagação de fake news”, como registrado em reportagem do Portal UOL. Entre um mar de notícias falsas, uma delas foi recentemente proibida pelo TSE, dizendo respeito a existência do “kit gay”, que nunca existiu apesar da afirmação de jair Bolsonaro e seus apoiadores.

Por isso, nesse delicado momento, ouça seu MC favorito, reflita, debata, mas o leve em consideração, já que por tanto tempo você o ouviu e respeitou sua obra. Não deixe que um candidato que foge de debates, propaga inverdades, difunde a intolerância e a divisão em nome de deus, bloqueie a sua visão e o seu senso crítico. Apoie quem defende a democracia, sempre. E caso não concorde com essa figura, seja oposição, se arme de ideias e bata de frente como o rap sempre fez. Jamais se iluda com a falsa ideia de segurança por meio de uma polícia mais dura, redução da maioridade penal e diminuição de investimento na cultura e educação. Fica ligado que eles querem te arrastar!

Também não é aceitável votar nulo ou em branco, pois isso fortalece o candidato que já está em vantagem nas urnas. Votar 17 então é compactuar com um retrocesso gigantesco na jovem democracia que existe no Brasil. Democracia que se encontra em risco, pois o candidato Jair Bolsonaro é ex-militar, a favor da tortura, tem como ídolo um coronel conhecido como líder da tortura realizada na época da ditadura instaurada no país, que pensa que a solução para os problemas está em armar a população ao invés de investir na educação e ainda possui um vice que defende o fim do 13o salário, entre tantas outras declarações antidemocráticas.

Avançamos como sociedade apenas quando tivermos a possibilidade de dialogar, de expressarmos nossas ideias sem medo de repressão, sem punição descabida, sem preconceitos, e com certeza tendo mais investimento em educação, que traz conhecimento e pensamento crítico. Que o amor seja mais forte do que o ódio e o revanchismo. Não podemos aceitar nem mais um passo atrás. O rap é pra frente e sempre será.

Texto e vídeo: RAP Pela Democracia

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