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DNA Urbano entrevista: Rebeca Silva

rebeca da silva

Artista residente em Salvador fala um pouco de suas experiências artísticas.

Em suas andanças pelo Brasil, a equipe do DNA Urbano acaba por conhecer melhor as características do meio urbano e, também, novos artistas que exploram diversos aspectos que estão imersos nesse contexto.
A nossa repórter Karen Valentim teve o privilégio de conhecer Rebeca Silva, uma artista baiana, que vive em Salvador e vem consolidando sua carreira de artista, por meio da realização de muitas exposições a nível individual e coletiva.

Nesse caminho que vem trilhando em sua carreira, você já se dedicou a diversas áreas nas artes plásticas, como o retrato, pintura, colagem, costura, intervenções urbanas, ilustração e, mais recentemente, um novo trabalho e projeto chamado "Pluribus Unum". Pode nos contar um pouco da tua trajetória nas artes, desde quando decidiu seguir essa carreira?

Desde criança dizia que seria desenhista. Eu tinha um orgulho muito grande disso, porque quase todos meus parentes paternos viviam do trabalho criativo e manual. Um tinha uma fábrica de sapatos, outras costuravam e bordavam vestidos de noivas. Minha avó era uma super costureira e nos dias de hoje e com estudo, uma estilista. Meu avô carpinteiro, marceneiro e estofador, além de desenhar muito bem. Meu avô e minha avó eram primos de primeiro grau: sendo assim, é possível imaginar o que saiu dessa mistura?
E eu cresci no meio de pregos, agulhas, madeiras, linhas, arames, tecidos e espumas.
Acho que por isso gosto de experimentar as superfícies. Realmente não tenho limites enquanto aos suportes para meus trabalhos. Já experimentei várias possibilidades e gosto muito ver que em algumas dão certo, enquanto outras nem tanto.
Atualmente estou trabalhando na série "Pluribus Unum", De Muitos Um. Nela resolvi ir para um material totalmente novo para mim, o papel maché.

Como você se define artisticamente?

Eu não sei me definir, não me acho nesse direito. O único que desejo é coerência entre eu e meu trabalho.

Como ocorre seu processo criativo?

Quando eu consigo sentar e fazer.

A sua experiência já é bastante extensa de exposições coletivas e individuais, lembra de sua primeira exposição? Como foi? E quais sensações surgiram a partir da primeira?

Participei de algumas exposições, a primeira delas foi com o Coletivo Contados, em 2009. E a sensação me lembro bem era de ansiedade daquelas de embrulhar a barriga, mas foi importantíssima em minha formação. Aprendi que é preciso muita dedicação ao trabalho e estudo, sendo assim a gente tem coragem de levar nossos trabalhos aos lugares e expô-los. Ele ainda não estará completo, ainda não será tudo, mas já é uma parte de você.

Quais são os seus próximos projetos?

Estou trabalhando num Projeto chamado: "Pluribus Unum", está no latim e significa "De Muitos Um". Nele trago a possibilidade de repensarmos o indivíduo e sua "individualidade", partindo da ideia de quanto o mundo a nossa volta é responsável pelo o que somos. Nesse projeto trabalho com desenhos, aquarelas e esculturas que retratam essas questões. O mais instigante é experimentar o papel maché para a construção das peças. Era um material totalmente novo e desconhecido, mas me propus a explora-lo e tenho gostado dos resultados. É uma técnica barata e acessível.

Como foi o processo e interesse pelo desenvolvimento de intervenções urbanas?

Eu nasci em Salvador, mas vivi dos 9 até os 20 anos numa cidade do sul da Bahia chamada Itabuna. Passei no vestibular para estudar Artes em 2006, e até então não sabia nem o que era graffiti, nem intervenção urbana. Ocasionalmente meu circulo de amizade foi se formando em volta dessa galera, eu comecei a acompanhar meus amigos as pinturas e aos eventos. Fui me identificando com as letras e os traços. Comecei a fazer colagens e tenho algumas pinturas, mas de fato sou muito mais influenciada pelas ruas e suas linguagens do que participo dela.

Qual a sua percepção pelo estado das artes, especificamente das intervenções urbanas, em Salvador neste momento?

Depois de 2006, o graffiti e as intervenções urbanas em geral decaíram. A produção deixou de ser viva e de caminhar na velocidade da cidade e as pinturas foram se apagando. Mas desde 2013 vejo uma reação entre alguns grupos que tem tomado força e renovado a cara de Salvador.

Como são os seus trabalhos locais coletivos?

Estamos trabalhando com a FREEMODE, a intenção é produzirmos vídeos, zines entre outros materiais para artistas locais. Temos alguns vídeos de graffiti e um vídeo clip.

E qual sua perspectiva de desdobramento do seu trabalho daqui a alguns anos?

Gostaria de alcançar países novos e cidades novas dentro do Brasil com meu trabalho. Tenho que trabalhar bastante pra isso, mas chegaremos lá!

Qual a sua dica para os novos artistas que estão lendo essa matéria?

Eu também sou "nova artista" rsrs! Eu posso dizer que é preciso ter coragem de mostrar o que se tem, aceitar as críticas bem e não ouvir muito os elogios, sem desmerecer seus pontos fortes. Estudar bastante e estar atento às coisas a sua volta. E ser coerente consigo mesmo sem entrar em modismos para ser aceito. A beleza está mesmo na diversidade das coisas. Sorte pra nós!

Ficou curioso e quer conhecer melhor o trabalho de Rebeca Silva e seu novo projeto "Pluribus Unum"? Confira abaixo o link do seu Flickr:
www.flickr.com/photos/rebecasilva

Para saber mais do trabalho coletivo com o FreeMode, segue o link da fanpage:
https://www.facebook.com/freemodestyle?ref=br_tf

Até a próxima!