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#PoucasPalavras - A música que virou video clipe e até um livro

#PoucasPalavras - A música que virou video clipe e até um livro

Esse é o título do último video clipe do Grupo Inquérito e do livro do Renan "Inquérito". Conheça um pouco mais sobre essas duas grandes conquistas do Hip Hop brasileiro.

Recentemente o Grupo Inquérito lançou o terceiro videoclipe. Intitulado Poucas Palavras, o material audiovisual foi feito a partir de uma música do disco Mudança, que, por sua vez, nasceu de uma poesia. O video homenageia a atual literatura brasileira, com representantes do hip-hop que estão ajudando a escrever a nossa própria história. É um video todo preto e branco - algo inédito no rap nacional - e que mostra uma nova vertente, ainda pouco explorada, que é esse link com a questão da comunicação. Além do clipe, o vocalista do grupo, Renan Inquérito lançou um livro de bolso intitulado #PoucasPalavras também e que segue a era da nanotecnologia num projeto literário-musical. Ele vem pequeno, com frases curtas, muitas retiradas das letras, além de fotos, também em preto e branco.

Texto: Jéssica Balbino

Veja o vídeo do Grupo Inquérito e uma entrevista cedida ao "Colherada Cultural", onde o Renan fala sobre o livro.

       

  MC Renan, do grupo Inquérito, lança livro inspirado na poesia concreta inq3

O líder do grupo de rap Inquérito aventura-se agora pelo mundo das letras com o livro #PoucasPalavras

 

Quando tinha 13 anos, Renan ouviu pela primeira vez um disco dos Racionais. Gravou o conteúdo numa fita cassete e compôs várias versões próprias por cima. Sem saber, ele já estava fazendo rap. Hoje, o rapaz que também é professor de geografia e mestrando na Unicamp, é líder do Inquérito, premiado grupo que mistura de forma homogênea o rap e a poesia e já lançou os discos “Mais loco que u barato” (2005), “Um Segundo é Pouco (2008) e Mudança (2010).

Inspirado pela literatura marginal, pela poesia concreta e pelo twitter, Renan acaba de lançar#PoucasPalavras, projeto audiovisual composto por música, clipe e livro e que tem como principal conceito o uso de palavras de impacto e das frases curtas que dizem muito. O Colherada conversou com ele para saber mais detalhes do projeto e sobre a popularização do rap em 2011.

inqC.C: O que é o projeto #PoucasPalavras?
R.I: “Poucas Palavras” é uma música do Inquérito, do disco “Mudança”, que fala de literatura e rap. A partir da música fizemos um clipe, que agora gerou um livro. O nosso som dialoga com a poesia o tempo todo e foi daí que nasceu a minha vontade de lançar o #PoucasPalavras. A publicação é feita de frases, são trechos de letras de músicas que já gravei, mas com outros títulos. Isso muda completamente o sentido daquela informação. E eu brinquei com a forma da palavra no papel, são poesias visuais que se fossem cantadas não teriam o mesmo impacto. Antes de descobrir a literatura marginal e os poetas concretas, Renan Inquérito leu muitos livros de Mário Quintana 

C.C: Você foi buscar inspiração na poesia concreta de algum autor para criar o livro?
R.I:
Conheço pouco de poesia concreta, li coisas do Arnaldo Antunes e do Marcelino Freire, como o livro “Era O Dito”. Na verdade, eu sempre gostei dessas frases de impacto, estampadas em rabeira de caminhão, banheiro. E com o Twitter isso ganhou mais força, por isso que uso a hashtag no título do meu livro.

 

Trabalho com um conceito de dizer coisas profundas em poucas palavras, e um cara que me deu uma luz para esse tipo de trabalho foi o Mário Quintana. Eu me identifico muito com o trabalho dele porque escrevo do mesmo jeito. Também leio muita coisa dos marginais, como Sergio Vaz e Ferréz.

C.C: Por que resolveram integrar a poesia aos temas de protesto do rap?
R.I:
Sem dúvida o nosso rap é de protesto, carregado de críticas sociais. Mas a nossa impressão digital é a poesia. Nossos temas são muito pesados, se falarmos tudo diretamente fica uma coisa militante, parecendo pregação e isso não é fazer música. O nosso rap é pegar o tema, transformá-lo em poesia, juntar com o ritmo e fazer uma música. Não sei se é muito pesado ou muito levinho (risos). Acho que somos híbridos. A diversidade é muito valiosa para o hip hop, mas algumas pessoas a usam como uma divisão. Eu não acredito nisso.

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C.C: Em 2011 o rap conquistou bons espaços na mídia, com as músicas do Criolo e do Emicida. A que você responsabiliza essa explosão?
R.I: O rap é a cara do Brasil. No entanto, os próprios MC´s não consideravam o rap um tipo de música, as grandes gravadoras também não acreditavam na gente. Esses e outros preconceitos caíram por terra aos poucos. E esses caras que estão na mídia agora ralaram muito, popularizaram as batalhas de freestyle, se lançaram na internet e conquistaram um público de fora do rap. Acho louvável! Mas eles são poucos ainda e a grande pergunta é: será que a mídia estará sempre aberta para o rap ou essa superexposição era somente uma necessidade por novidades? Esse é o temor das pessoas do hip hop.

 


 

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Site oficial do grupo Inquérito: www.grupoinquerito.com.br