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Bate-bola

Bate-bola 

Sexta feira, a volta do trabalho parece dia da assinatura da Lei Áurea, o que tem de escravo feliz dentro das "conduça"não tá no gibi.  É sorriso de orelha a orelha, um festival de dente amarelado exposto por aí.

E um monte de rádio apitando como uma sinfonia de grilos, malditos. Tipo: "Iaeeee, partiu Barramilziquêê...""Partiu Kabaaaanaaaa...""Partiu pra PQP!!!!!"...

É gente que vai pra balada, que vai pra casa da namorada, que vai pra igreja, pra faculdade, tem até os que nem sabem pra onde vão, mas estão felizes assim mesmo. O negócio é ir.

Na van que eu estava, eu fui premiado com algum desses felizes(ou não) mortais.  Estava chovendo muito, eu com mochila e guarda chuva, descolei a última vaga que cabia apenas o guarda chuva, mas van é isso ae, você senta no lugar e na primeira freada tá todo mundo acomodado na moral...vamo que vamo.

 
Do meu lado tinha um cara que dava aula de tênis, pois estava trajado com short, camiseta dry fit, aquela bolsa enorme da WILSON preta e dourada com uma raquete metade pra fora e com cara de quem tava cansado pra cacete de correr atrás daquelas bolinhas verde-limão.
Vinha ele num cochilo maroto, com aquela meia roncada, sabe aquelas que parecem pigarro, mas quando a pessoa saca que vai mandar uma roncadão acorda numa de garganta irritada? Era toda hora, coitado.
 
Logo a vanzoca foi lotando, parecendo carro de palhaço, a cada ponto que ela parava parecia o carro do Will Smith no filme "Eu sou a Lenda", zilhões de "infectados" pulavam em cima.  A cada minuto o ar era mais escasso, fora as tosses e o tenista roncando do meu lado.
 
Uma senhora foi se espremendo até meter a bolsa na cara do Djokovic de Bangu, ele acordou e sem outra alternativa pediu pra segurar a bolsa da espremida senhora. Até por que ele já segurara, apenas não tinha avisado à ela. A espremida meio sem graça já puxou um assunto pra amenizar os estragos feitos na fuça do moço da raquete.

Espremida: "- Essa raquete é de tênis?"


Não tia, é elétrica, e serve pra matar mosquitos da dengue do tamanho de pombos que habitam na lagoa de Marapendi.
Porra...

Tenista: Sim.

Espremida: "- Ah, legal. Você joga?"

Não tia, Tô indo pra uma festa a fantasia, e levo a mochila pra trazer comida da festa.

Porra(2)
Tenista monosilábico: Sim.

Espremida: "- Joga aonde?"

Tênis? Na Di Santinni claro.
Tenista monosilábico e cansado: Dou aula em condomínio...

Espremida: "- Que legal, eu também trabalho em condomínio."

Quem te perg?

Ô maldade, eu respondendo mentalmente o que provavelmente o tenista estava pensando, mas a senhora só queria se mostrar gentil e tornar aquele ambiente claustrofóbico num bate papo de varanda de boteco.  Vai lá tia, continue...

 
Espremida: "- Eu acho bonito, eu vibrava aos domingos com aquele menino Guga, pena que ele morreu...Tão novo..."

Motorista, por favor, pode parar a van pra eu descer? (pensou em dizer o pseudo-escritor de um blog ridículo.)

Acho que a tia tava confusa, mas o pior foi que o tenista tava tão chapado de sono que só concordou...

 
Tenista: Uhum.

Saquei a jogada do tenista, concordou com a morte do Guga, pra poder "morrer"o assunto. E foi jogada de mestre, tipo um Ace. O assunto morreu depois desse bate-bola com a tia maluca e o tenista conseguiu dormir a vontade.

Pilota, acelera nesse saibro aê!!!!

 

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