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Colares da Lu e Itá Amuletos: o artesanato na cidade de Vitória

Se artesanato é tudo aquilo que é produzido de forma manual, o artesão nasceu quando o primeiro homem sentiu a necessidade de produzir bens que o servissem em seu dia a dia.

A transformação da argila em cerâmica, por exemplo, pode ser feita de forma artesanal. Mas, bom, com a industrialização dos processos, os produtos artasanais se tornaram cada vez mais raros, ganhando um valor ainda mais especial.

O urbano, apesar da intensa maquinização, está repleto de artesanatos. Está nas roupas customizadas, nos "sketchbooks", nos chaveiros improvisados. E está, também, sendo vendido no meio das praças, dentro das casas. Muitas vezes, o artesanato é a saída para ter o dinheiro do final de semana. São cordões, brincos, pulseiras, aneis, roupas, enfim... Todo a sorte de objetos produzidos por meio de diferentes técnicas. Uma delas é o Macramê, uma forma de tecelagem manual que requer, além de criatividade, muita paciência.

Em Vitória, no Espírito Santo, Luísa Perdigão e Danúsia Peixoto apostaram nessa técnica e começaram a produzir, despretenciosamente, peças artesanais. Luísa, estudante de Jornalismo, nomeou seu projeto de "Colares da Lu" e a designer Danúsia já tem um nome para sua marca: "Itá Amuletos". O interessante dos produtos das meninas é, justamente, o fazer artesanal. Cada objeto carrega não só a beleza da peça finalizada, mas também o tempo investido, a paciência, a criatividade e a dedicação de cada uma.

Colares da Lu
Sempre muito sorridente, Luísa exala beleza e tranquilidade por onde passa. E ela consegue transferir tudo isso para os colares que faz. "Sempre me arrisquei fazendo algumas coisas pra mim, pra minha irmã e pra minha mãe, desde costurar, customizar peças de roupa, até fazer crochê (que ainda estou aprendendo). Quando comecei a fazer os colares de macramê com pedra, logo várias amigas da minha irmã começaram a querer também", conta Luísa. Ela viu que a ideia começou a dar certo e decidiu unir o útil ao agradável: o dinheiro que ganha com as vendas, ela guarda para os planos de viajar futuramente.
Montagem-Luisa - Foto: Colares da Lu/Divulgação

"Eu faço mais colares e agora tenho me arriscado em algumas pulseiras. Para encomendar eu deixei o meu número de celular na pagina que criei no instagram (@colaresdalu)", diz. Sempre interessada em artesanado, Luísa aprendeu a técnica do Macramê por meio de tutoriais no Youtube. "Consegui até uma 'aula' com um hippie também", conta.

O "negócio" de Luísa é quase uma brincadeira de tão informal. Quem compram são os amigos, os conhecidos dos amigos e assim vai. "A principal 'compradora' é minha irmã mais nova, compradora entre aspas porque é só prejuízo que ela me dá (risos) Vendo muito para meninas de 17 a 20 e poucos anos, mas também alguns meninos já compraram comigo", afirma Luísa.

Ela acredita que a cidade está sendo um ambiente cada vez mais propício para o fazer artesanal."Cada vez mais o trabalho manual está sendo valorizado, ou voltando a ser. Acho que a procura por coisas diferentes e, sobretudo artesanais está crescendo, pelo 'ser diferente', único, pelo industrializado ser caro e padronizado", afirma a estudante.

Itá Amuletos
Danúsia é tímida, mas tem sempre um sorriso no rosto. Pacientemente, ela dedica seu tempo livre a fazer peças artesanais. Para ela, o Macramê é uma espécie de exercício terapeutico. "O macramê é uma técnica que exige paciência, é um exercício de repetição na feitura dos nós feitos com os fios. [...] Dependendo do trabalho você vai gastar uma, duas horas. Esse tempo pra fazer uma peça", afirma.

Ela compara o fazer artesanal a "uma grande viagem espiritual". "Você acaba esquecendo dos problemas, deixando o estresse diário de lado. Acho que a minha identificação com a técnica tem relação com isso. Sou bem tranquila e tenho uma necessidade de tirar um tempinho no dia pra viajar, descansar a mente e essa produção encaixou com meu jeito de viver a vida", diz.

Talvez, por isso, as peças de Danúsia não sejam simples acessórios, mas verdadeiros amuletos que carregam um pouquinho de sua dedicação. "Sempre tive uma queda por coisas feitas artesanalmente e mesmo antes de começar a fazer os produtos já me aventurava em casa a produzir coisas artesanais, reciclar materiais, reaproveitar", conta. Mas, na verdade, quem começou com a produção de cordões foi sua irmã, Duana, que a apresentou à técnica do Macramê. A partir daí, Danúsia decidiu aprender e começou a produzir peças para uso próprio.
Destaque - Foto: Isabella Mariano

"Minha intenção inicialmente era fazer apenas brincos (sou apaixonada por brincos grandes, principalmente os artesanais, de madeira, ouro velho), e pela dificuldade de encontrar brincos do meu agrado, resolvi fazer eu mesma da forma que me agradasse", afirma. Para chegar nos brincos, porém, ela precisou aprender os pontos básicos da técnica e, por isso, começou fazendo apenas cordões. Hoje, Danúsia já faz diversos tipos de peças, com diferentes estilos.

As irmãs decidiram investir um pouco mais na atividade quando notaram o interesse dos amigos nos acessórios. "Essa 'brincadeira' toda veio num momento em que tinha acabado de me formar, então ainda meio perdida sobre os próximos passos a serem dados e acabou fluindo legal e se tornando uma atividade que passou a me render um extra, um salve no fim do mês", conta Danúsia.
Da mesma forma que Luísa, o comércio de Danúsia, por enquanto, gira em torno de amigos, amigos de amigos, conhecidos. "Ainda não tenho página na internet (é algo que está sendo estudado, já que isso implica numa maior dedicação de tempo, produção), mas recebo algumas encomendas pelo facebook pessoal", conta.

E aí, curtiu? Eu curti tanto que já adquiri o meu "amuleto" e, ainda, fotografei algumas peças da Danúsia para vocês conhecerem. Confira: