Entrevista Fredone Fone

 

Fredone-Fone Capixaba, Artista de Rua, Escritor de Graffiti, Designer, Poeta, Mestre de Cerimônia. Fredone tem se destacado a cada ano no cenário nacional.

 

Com participações em importantes eventos de graffiti e MC, com destaque para a 1ª Bienal Internacional de Graffiti (BH), 10º Aniversárioda Casa do Hip Hop (SP), Rinha dos MCs (SP), Duelo de MCs ( BH) , Batalha do Hutuz (RJ), Além de exposições em diversas galerias de arte.

Será o entrevistado do mês aqui no DNA Urbano. Confiram!

 

DNA Urbano: Por favor, se apresente!

Fone: Sou Fredone Fone, Grafiteiro e MC; morador de Serra.

 

DNA Urbano: Como e quando foi a sua inclusão ao movimento Hip Hop?

Fone: Em 94/95 eu andava de skate e ouvia punk, hard core e rap. Via muitos vídeos de Skate, e nesses vídeos sempre tinha Graffiti, comprei a “Tribo”, uma revista de Skate e tinha uma página de anúncio falando sobre a “Fiz Graffiti”, revista feita pelOs gêmeos, entrei em contato; tudo por carta mesmo, encomendei a revista e uns caps e então comecei a pintar, isso em 97/98, mas antes eu já tinha começado a fazer “pixação”, fiz pouquíssimas mesmo; nessa época eu vivia treinando assinaturas no papel, e o treino dessas letras me serviu muito como base pra elaborar meus pieces. Em 2004 comecei a rimar, fazer uns “freestyle” participar de batalhas de MCs e escrever minhas primeiras letras.

 

DNA Urbano: Quais as principais dificuldades daquele tempo (quando você entrou para o movimento)?

Fone: No meu início no Graffiti, acho que era a falta de informação, muito pouca na época; mal sabia mexer na internet e aqui não vendia revistas especializadas. Dificuldade na compra de materiais também era grande, agente também foi aprendendo pintar sozinho, tipo, tentativa e erro. Por não ter Graffiti pelas ruas não tinha como chegar, ver de perto e imaginar como aquilo havia sido feito. Já como MC todo o pessoal que já fazia rimas antes de mim já tinha feito um grande trabalho e preparado o solo, a tecnologia ajudou muito também, as bases já eram facilmente encontradas na internet.

 

DNA Urbano: O que te motivou ou incentivou a fazer parte da cultura?

Fone: Acho que a linguagem, a liberdade e o poder de voz que agente conquista através do Hip Hop. Pelo fato de eu andar de Skate já gostava dessa idéia de cultura urbana e o Hip Hop é esse universo, falar das ruas.

 

DNA Urbano: Quais eram os personagens que, iniciaram junto com você e, quais já eram conhecidos?

 

Fone: No Graffiti, naquela época o Cyborg, Chicão, Sandrinho, Sagaz, Alecs já tinham alguns Graffitis na rua, mas eu não conhecia eles pessoalmente, tinha o Aloyr que pintava também. Nem gosto de citar nomes, por que minha memória é bem fraca (risos) e posso esquecer de alguém. Quando comecei, o Samuka começou pouco tempo depois, tinha também a Lily (a única menina que pintava naquela época), aliás, meninas pintando aqui no ES é difícil.

 

DNA Urbano: E, o incentivo? O apoio da sociedade e governo, como era?

Fone: Acho que agente não sabia os caminhos pra conseguir esses apoios e patrocínios, e o governo e a sociedade nem sabiam que agente existia. Na verdade quando comecei nem tava muito preocuapdo com isso, só queria me divertir pintando e ver meus Graffitis espalhados pelas ruas. Quando governo e sociedade descobriram o poder de mobilização que agente tem, automaticamente nos procuraram, e continuam procurando até os dias de hoje.

 

DNA Urbano: Hoje, como você vê a cena atual?

Fone: Melhoras e pioras, melhorou por que através disso tem muita gente sobrevivendo, tendo grana pra comprar suas tintas e se manter financeiramente. Mas com tudo isso, o número de Graffiti na rua diminuiu, quando deveria ter almentado. As vezes existe uma confusão, quando agente acha que pelo fato de estar usando spray agente tá fazendo Graffiti, ou seja; agente pinta em eventos, dá as aulas, pinta quarto de clientes e acha que aquilo é Graffiti, e por fim esquece de pintar na rua, por falta de tempo que eu particularmente acredito não ser verdade. As vezes acho que ainda falta informação em relação ao Hip Hop como um todo, mesmo com o mundo tão perto de nós através do fácil acesso a internet. Muita gente desinformada sem direção, porém com um grande talento no que faz.

 

DNA Urbano: O trabalho social, sempre existiu?

Fone: Acho que sim, querendo ou não o que agente faz é trabalho social, agente faz um trabalho de inclusão, mesmo não sendo oficializado. Pintar na rua é uma forma de se aproximar das pessoas e expor idéias, é levar cultura ao povo que nunca visitou um teatro ou uma galeria de arte, além da música e a dança facinar os jovens.

 

DNA Urbano: Sua atuação no Hip Hop, sempre foi a que você exerce agora? (B.Box,Mc,Dj,B.Boy,Graffiteiro)

Fone: Sempre pintei, desde que comecei nunca parei de pintar, depois a função de MC veio pra complementar minha vida.

 

DNA Urbano: Qual a sua real contribuição para o movimento?

Fone: Essa é uma pergunta difícil de se responder, posso dizer sobre minhas tentativas de contribuição. Tive a idéia de criar um Zine de Graffiti Capixaba; junto com o Alecs realizei o 1º encontro de Graffiti da Serra em 2004 e tive também a iniciativa de organizar uma série de Mutirões de Graffiti no Espírito Santo em 2008. Essas foram as que jugo as principais tentativas. Acho que não sou a pessoa mais certa pra dizer se realmente isso funcionou, ou até onde funcionou.

 

DNA Urbano: Disso tudo, o que ficou de aprendizado?

Fone: A vida é um aprendizado, e no Hip Hop não é diferente. As amizades, viagens, conquistas e muitas vezes a desilusão, tento me controlar pra não criar espectativas impossíveis de ser alcançadas antes do tempo.

 

DNA Urbano: Considerações finais. (espaço para dizer o que não foi perguntado, citar algo que julgar interessante e agradecimentos).

Fone: Acho que o Hip Hop no ES vai realmente ganhar força quando formos mais originais, deixarmos de falar gírias que não fazem parte do nosso cotidiano, e ser mais profissional no que agente faz, a partir daí ter uma visão de mundo. Pensar em sair do ES pra ver como as coisas estão acontecendo fora desse nosso campo de visão. Dedicação é a peça chave pra que cada um se mantenha atualizado, por isso precisamos estudar mais a fundo a teoria do que agente faz, e realmente viver o(s) elemento(s) que agente representa no Hip Hop, por que o conhecimento é um deles.

 

Contatos:

 

http://www.myspace.com/fredonefone

http://www.sonico.com/u/16426509/Fredone_Fone_Ldm_Bsp

http://twitter.com/fredonefone

http://www.flickr.com/photos/fredone-fone

http://fredonefone.blogspot.com

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