Joel Nobre Jr. acaba de lançar mais uma poesia aqui no DNA Urbano. Uma poesia carregada de sensibilidade que, ao ler você irá logo se lembrar de alguma “Dona Rosa” próxima a você.

Leiam e reflitam! 

Dona Rosa.

Da janela do barraco no alto do morro,
Observa a vida passear entre os becos.
Solitária,viúva,carrega lembranças do marido á muito tempo morto.
Dona Rosa, no jardim da vida aprendeu a ter espinhos,
Para se defender de quem tenta te sufocar.
No jardim onde mora dona Rosa,
As casas são feitas de madeiras,sobre pedras,na selva de cimento.
Jardim abandonado pelo jardineiro,chamado Estado.

Costureira,autônoma,Dona Rosa é regada pelo suor do próprio rosto.
Assim cresce.Independente.Forte.
Independentemente das adversidades que atravessa na vida,
Mantém as raízes fincadas no solo da integridade.

Com o passar do tempo,atravessa os anos,
E muito além do que só rugas no rosto,
Conquista  maturidade,
Que é transmitida aos demais em forma de gentileza e humildade.

No jardim onde mora dona Rosa,
Muitos murcham antes mesmo de passar pela primavera da vida,
Morrem antes de chegar aos 18 de idade.

Na terra do ‘’trabalha e confia’’,
Dona Rosa trabalha muito,confia muito,recebe pouco.
E mesmo assim contribui muito com o pouco que recebe,
Para a melhoria  do seu jardim,
Ao lado de outras Rosas.

Dona Rosa não se esquece de orar pela juventude que se perde na madrugada
Nas escadas,vendendo umas paradas.
È comum ver dona Rosa sentada pelos degraus da escadaria,
Aconselhando quem caminha na direção errada.
Respeitada,Pelos malandros chamada de tia.

Fiel.Todas as noite desce pela escadaria á caminho da casa do pai,o criador da vida,
Na esperança de poder morar eternamente em um jardim celestial,
Quando findar-se os seus dias no jardim terrestre.

Em uma noite de domingo,
Dia das mães,
Sem motivos para comemorar.
Viúva,sem filhos,companheira da solidão que a acompanha por vários anos,todas as noites.
Dona Rosa,debruçada na janela do barraco no alto do morro,
Observa a movimentação da cidade,lá embaixo.longe.
Faz um reflexão sobre a vida por algum tempo,
Até que o sono chega,
Ela fecha a janela,
E antes de ser deitar para dormir,
Se ajoelha para fazer uma oração de agradecimento a Deus por mais um dia vivido,
Fecha os olhos e não chega a abri-los novamente…
Dois dias depois é encontrada morta pelos vizinhos,
Ajoelhada,como se estivesse orando.

Joel Nobre Jr.


Sobre o autor:

Joel Nobre Jr. – Poeta marginal.

Na adolescência descobriu o gosto pela leitura e consequentemente veio a vontade de escrever seus próprios poemas.

Amante do bom e velho Rap,encontrou no projeto ”Boca a boca’’(Projeto que leva semanalmente cultura e arte através do Rap e poesia ás comunidades capixaba) a oportunidade de recitar e compartilhar seus poemas com outros ’’manos e minas’’.

Mantém ao lado de Janio Silva e Juplin Jones uma página no facebook chamada literatura marginal ES (http://www.facebook.com/LiteraturaMarginalES) ,onde pode ser encontrados todos os seus poemas.

 

 

 

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