Um documentário que poderá ser um dos mais completos registros do Graffiti no Espírito Santo.
A cultura do Graffiti no Espírito Santo passou por diversos ciclos, pessoas de diferentes tribos, cada um com suas técnicas, estilos, ideias e uma mesma vontade: INTERVIR no CINZA das RUAS. Isso deixa o cenário cada vez mais sólido e atrativo para todos que gostam e/ou praticam intervenções urbanas. Infelizmente, como diversos outros segmentos artísticos-culturais, o Graffiti, que é uma grande cultura que engloba vertentes como o Bomb, murais, wild style, abstrato. personagens, pixo (entre outros), carece de registros de qualidade para não apenas registrar o que tem sido feito pela cidade, mas também como uma forma de valorizar obras e artistas.
Um registro bem feito é uma ótima oportunidade para levar o conteúdo a outros lugares como mostras de vídeo, festivais e aproximar artistas de público, facilitando a integração e transmitindo conhecimentos. Nesse cenário todo, surge o doc. “A Febre” um filme que retrata o cotidiano de um grande número de artistas locais entre 2014 e 2015.
Agora você poderá conferir o trailer desse grandioso trabalho, além de um bapo super rápido que tivemos com o diretor do filme, João Oliveira e você poderá conferir nas próximas linhas.
DNA: Quanto tempo durou as gravações?
A Febre: As gravações das entrevistas ocorreram no ano de 2014, e os rolês de pintura na rua no ano de 2015. Como o filme é um produção totalmente independente, dependíamos da disponibilidade da equipe ao filme e outros fatores que acabaram atrasando o processo de realização. Mas esse tempo maior também nos permitiu refletir melhor sobre a produção e o seu papel, o que contribuiu muito com o resultado final.
DNA: Quais principais problemas enfrentaram durante esse período?
A Febre: Para filmar as cenas das pinturas, a gente escolheu acompanhar vários grafiteiros nos seus “rolês” sem interferir no método de cada um (às vezes de madrugada, quase sempre na ilegalidade, etc). Então enfrentamos as mesmas dificuldades dos grafiteiros, como a pressa de sair correndo, a repressão da polícia e dos moradores, além da dificuldade de filmar no escuro. Em uma das filmagens na madrugada, uma pessoa apontou um revolver na nossa direção e ameaçou atirar, e tivemos que sair correndo. Em outro, acabamos presos, e consegui gravar uma cena na delegacia. Tive que responder o processo na justiça, o que é lamentável, mas faz parte da vivência do graffiti.
DNA: Como foi o processo de seleção dos artistas que participam do vídeo?
A Febre: Nossa intensão era fazer um registro amplo e diverso do graffiti capixaba, então levamos em conta a história de cada praticante na cena e a quantidade e diversidade dos trampos nas ruas, pra selecionar os entrevistados. Fizemos uma lista com 20 nomes e debatemos com alguns grafiteiros que nos ajudaram a selecionar. Nas cenas de ação e pintura na rua, priorizamos os grafiteiros que estavam mais ativos na época, independente se tinham muito ou pouco tempo de rua. No total, são mais de 15 entrevistados e 20 participantes que só pintaram, com representantes de vários estilos e modalidades do graffiti capixaba.
DNA: Qual a principal mensagem que o doc tenta transmitir?
A Febre: Acho que o principal é entender o graffiti capixaba como um movimento bem diverso e em plena expansão, cheio de motivos, repressões e consequências. E refletir sobre a relação dos grafiteiros com a cidade, como forma de repensar a nossa própria relação do espaço urbano.
DNA: Acha que com essa lei municipal (8.943/2016), os pixadores que participaram do vídeo, tiveram alguma mudança no comportamento quanto ao pixo (reduziram ou ampliaram os rolês)?
A Febre: Já tem alguns anos que as gestões municipais e estaduais tem investido na repressão a qualquer forma de intervenção na rua e, sinceramente, acho que é só olhar para as ruas para perceber os resultados. Não sei como os praticantes reagem a essas mudanças na legislação, mas o que percebi nas filmagens é que o graffiti é um verdadeiro vício, que afeta diferente a cada um, mas é muito difícil de ser parado.
DNA: Quando será lançado? Será disponibilizado na internet (youtube,vimeo)?
A Febre: A idéia é fazer o lançamento do filme ainda no mês de Julho. Ainda não fechamos o local, mas queremos uma exibição aberta, na rua, como estréia. A partir daí, vamos exibir o filme no circuito de eventos, cineclubes e qualquer grupo de pessoas que queira organizar uma sessão (é só entrar em contato com a página do filme). Nesse primeiro momento, pretendemos fazer um ciclo de exibições presenciais antes de disponibilizar o filme na internet.
DNA: Quais meios onde estão divulgando o doc?
A Febre: Estamos fazendo uma divulgação totalmente independente, confiando muito no compartilhamento da internet e na mobilização do movimento do graffiti e seus simpatizantes em torno da idéia, e até aqui tem muito dado certo. Estamos muito felizes com as respostas que o trailer recebeu e de ter chamado a atenção de várias mídias, levantando junto o debate sobre o graffiti na cidade, que é super importante.
DNA: Alguma ideia que queira acrescentar?
A Febre: É a febre!
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