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Wind of change

Wind of change

 

Essa semana tá osso, sol de rachar calcanhar de quem anda de havaianas pela rua... Mais um dia dentro do confortável e calorento 756, sentei no banco alto lá atrás, só tinha lugar na parte que pegava sol...

Olhei para trás e vi um cara dormindo com a cara colada no vidro, coitado. O buso deu uma freiada e o sujeito acorda, quando vira, a cara da criatura tava parecendo aquelas máscaras símbolos do teatro, saca? Metade mais escura que a outra? Culpa do sol...

 

Fiquei com medo de botar o fone de ouvido e ele derreter lá dentro, já pensou que cena?
Fui curtindo o sonzinho do busão mesmo.
 
 
Esse ônibus é bacanudo, tem som, tv lcd, uma "chiqueza" só...
Tava rolando Scorpions "Wind of change", tranquilo de ouvir, eu observava uma galera mais cascuda cantando meio de canto de boca, resmungando uns enrolations básicos, normal, mas no refrão eu via que a galera se soltava.
 
Olhinhos fechados, pescocinhos para trás, levavam as pessoas aos bons tempos do bom e velho rock'n roll...Que lindo.
O busão da alegria ia catando mais gente nos pontos do que a capacidade permitia, e eu temia que essa viagem não chegasse ao Gorky Park, o vento da mudança já não circulava fazia tempo.
 
Na praça dos Abrolhos, em Padre Miguel, sobe uma galera, se "engalfunhando" pelo corredor encostam próximo ao meu banco três típicas "Néins".
 
Não tem erro, bermudade jeans desfiada, cabelos das pernas pintados com blondo, óculos na testa(tipo Salgadinho do Katinguelê), bolsa transparente mostrando os cremes, o Rayto, biscoito Fofura e garrafa d'água congelada e nextel na cintura só pode ser Néim!
 
Logo rolou uns lugares e elas se sentaram, uma delas sentou do meu lado. Ofereci o lado do sol pra Néim, afinal, já ia adiantando a marquinha né colega?
 
Uma delas tinha uma marquinha de biquini tão alta, que ela só poderia ter feito aquilo com um suspensório, na boa...
 
Néim 2, logo fez questão de sacar o MP10000000000, e lançar a playlist com Valesca Popozuda `a capela, coisa fina.
Néim 1, do meu lado, do nada larga um berro:
" - Cogumelo do Sol, compra uma cerva ae pá mim!!!!"
 
Vocês não iam acreditar no que eu vi, Cogumelo do Sol era a Néim 3, que cabelo era aquele minha gente...Parecia uma briga de algodão doce pegando fogo.
 
E realmente tinha o formato do cogumelo...
 
Então a tal "Cogumelo do Sol" responde:
"- Me dá o dinheiro, só tô cum Riocard aqui..."
 
Néim 1 tira uma nota de 5 toda dobradinha, não me pergunte de onde,(mas pelo cheiro que passou na minha cara eu pude imaginar...) e joga pra "Cogumelo", que aborda um camelô pela janela e conquista sua latinha de cerveja as 8 da manhã...
 
Conforme a viagem ia rolando, o sol cozinhando aquele povo todo dentro do ônibus, ia subindo um cheiro de Kolene, que já estava me enjoando, então Néim1, vira para mim e pergunta:
"- Falta muito pra chegar na praia?"
 
Eu, rápido no gatilho pensei em dizer que era no próximo ponto, mas ainda estávamos em Sulacap, ela não ia acreditar.
Então eu disse: "- Falta um pouco, logo vocês chegam".
 
Então no maldito celular, toca uma música no qual o refrão é "Senta, senta".
 
Lohanny Evellyn salta do meu lado levantando os braços e dançando freneticamente.
Ah, por que eu sei que o nome dela é esse?
Por estava tatuado tosca e tortamente no antebraço da "marvada".
 
Fiquei na dúvida, se o nome da música é "Senta, senta", por que ela se levantou?
Ao som de "Senta, senta", "Quica, quica", "Faz aquilo", "Mondicoisa..."a viagem foi seguindo com a maioria dos passageiros em estado de choque.
 
Cogumelo do Sol só fazia rir e beber mais que um Maverick V8, ainda bem. Eu não gostaria de ver a cena de um cogumelo se requebrando num busão, assombroso.
 
Chegando na Barra, eu já estava cheirando a Kolene, Minâncora e blondo...Tranquilo, tranquilo, era sexta feira nada iria me aborrecer naquele momento...
 
Me levantei do meu lugar do trem fantasma, dei tchau pra Lolô, que me pediu 1 real ainda(negado imediatamente), e desci rumo a mais um dia de labuta.
 
Que alívio, senti o vento mudar.
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